quinta-feira, 28 de outubro de 2010

População queima lixo doméstico nas ruas

Atitude dos moradores da Região Metropolitana de Belo Horizonte gera prejuízos ao meio ambiente e pode causar incêndios na rede elétrica
Devido ao longo período de estiagem, moradores da região metropolitana de Belo Horizonte aproveitam para fazer a queima de lixo doméstico nas ruas.  Neste período, as pessoas decidem fazer poda de árvores e eliminar o lixo de seus quintais, fazendo a queima nas ruas ou em lotes vagos sem a devida precaução. Além dos problemas respiratórios e dos prejuízos ao meio ambiente, a queima de lixo oferece risco de acidentes se feita próximo à rede elétrica.

Segundo a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), fazer a queima de lixo próximo à rede elétrica pode ser fatal. O fogo pode atingir o cabo de energia e, ao se romper o fio energizado pode eletrocutar uma pessoa e levá-la a morte. De acordo com a Cemig, além do risco de atingir um ser humano, os cabos de energia podem ocasionar incêndios.

A queima de lixo é prática freqüente no bairro Asteca, em Santa Luzia. De acordo com a comerciante Regina Soares, a queima de lixo em lotes vagos, próximo ao seu estabelecimento causa transtornos para os clientes. “A fumaça invade toda a loja e não podemos fazer muito, apenas jogamos água para diminuir o fogo”, afirmou. A comerciante admite não ser possível denunciar esta prática por não conhecer quem joga lixo nos lotes vagos.

LEGISLAÇÃO E CONSCIENTIZAÇÃO
De acordo com o sargento do Corpo de Bombeiros, Eduardo Baptista, a legislação não proíbe a realização da queima de lixo, mas impõe condições para que elas aconteçam da maneira mais segura possível. Uma delas é que toda queimada deve ser autorizada pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF).

Segundo o sargento Baptista, fazer a queima de lixo a menos de 15 metros dos limites das faixas de segurança das linhas de transmissão e distribuição de energia elétrica é proibido. “Caso o individuo venha a causar algum dano ao meio ambiente, como ocasionar um incêndio, ele ficará sujeito a algumas penalidades”, afirma o sargento. A pessoa poderá responder um processo criminal, com possibilidade de prisão, de acordo com o disposto na Lei de Crimes Ambientais (Lei Federal nº 6.905/98).

Segundo o sargento Baptista, visando os prejuízos decorrentes das queimadas urbanas é feita a conscientização da população nas escolas, nas instituições sociais e pelos meios de comunicação, em parceria envolvendo IEF, Corpo de Bombeiros, Polícia Militar e Cemig.

FALTA DE AÇÕES URBANAS
A queima de lixo doméstico nas ruas e em lotes vagos tem sido motivo de preocupação para a sociedade. O número limitado de políticas que conscientizem a população a respeito do que deve ser feito com o lixo doméstico divide a opinião de moradores de diferentes bairros da capital mineira.

De acordo com o estudante de educação física, Saulo Henrique, a prática de queima de lixo doméstico no bairro Floresta, região onde mora, é ausente. Por considerar um bairro mais antigo e com pessoas que possuem mais acesso à informação, ele relata que práticas como a queima de lixo raramente acontece. “É preciso mais educação para ter mudança”, afirma Saulo. Para ele, as autoridades deveriam promover campanhas de conscientização nas escolas públicas, para mostrar que o lixo pode se transformar em algo rentável.

Já os estudantes de educação física Quésia dos Santos e Hudson Vieira, acreditam que além de haver ações do Corpo de Bombeiros e da Polícia Militar na conscientização da população, deveria haver mais coletas seletivas de lixo nas cidades da Região Metropolitana para diminuir a poluição do ar. “Além de prejudicar a saúde das pessoas, a queima de lixo destrói a camada de ozônio”, ponderam os estudantes.
O estudante de direito Victor Santos acredita que a denúncia pode ser uma boa alternativa para inibir este tipo de prática da população. Ele afirma que se houver denúncias às autoridades, caso venha a ser pego, o indivíduo se sentirá intimidado e não repetirá este tipo de ação. Contudo, ele afirma que as pessoas deveriam ter consciência do perigo que estão causando ao meio ambiente e a saúde em geral.

PROBLEMA QUE SE REPETE
A reportagem do jornal online “Folha do Estado” aponta Mato Grosso como estado a ter o maior número de focos de incêndios no mês de agosto de 2010, com 7.140 registros. O número é considerado 420% maior do que o registrado no mesmo período do ano anterior, de acordo com a Folha do Estado.

No jornal virtual do interior de Mato Grosso, “Só Noticias”, a repórter Bianca Zancanaro relatou em sua matéria que devido ao aumento de queimadas em áreas urbanas e rurais da região de Sinop, a prática de queima de lixo poderá resultar em multa. O que de acordo com Zancanaro, foi graças a alterações feita na lei de política Ambiental da cidade e sancionada pelo prefeito de Sinop.

Segundo a matéria elaborada pela jornalista Juliana Coissi, no “Folha.com”, a maior parte dos incêndios ocorre na beira das estradas, em canaviais ou em áreas de ocupação irregular sendo caracterizado como acidentais. No entanto, conforme relatado na matéria, proprietários de terras aproveitam a estiagem para colocar fogo em determinadas áreas, e caso ocorra algum incêndio dizem que foi acidente.

A reportagem de Adriana Freitas, da mídia “O Globo online”, apresentou um professor de biofísica da Unicamp, Edson Dellatre, conhecido pela cidade de Campinas por apagar queimadas urbanas e lutar contra elas. De acordo com a reportagem, o professor há 11 anos luta contra a queima de lixo, que além de poluir o ar pode provocar incêndios.

Conforme a reportagem de Jean Oliveira, do jornal “Folha da Região”, devido à queima de lixo doméstico na cidade de Araçatuba, a grande quantidade de fumaça no ar, somada à umidade relativa do ar que oscila para baixo no período seco, provoca transtornos como secura na garganta e nos olhos, além de problemas respiratórios e ambientais.
Graziele Natália de Oliveira – estudante de Jornalismo

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