O termo fazer jornalístico, já nos leva a certa suposição de processos que surgem desde a criação até a produção. Estes processos podem ser entendidos como fatos em plena construção jornalística, onde o jornalista é o principal acionista deste artifício.
O Fazer jornalístico vai além de domínios de exclusividade literária , sendo assim transposto para outros caminhos , onde temos o fazer e a criatividade humana, desafiando cada vez mais o jornalista , mas trazendo consigo diversas alternativas.
Este processo do qual estamos falando, esta em pleno desenvolvimento e em constante ato comunicativo. Ao contrario de hipóteses que já se prontificam com suas conclusões finais , o que é relevante neste processo , é a trajetória de erros e acertos , tentativas, de testarem , de aprendizados até chegar no resultado final deste objeto de estudo.
Pode-se tirar exemplo das redações de jornais e televisões e nas faculdades , onde é visto claramente um problema enfrentado pelos estudantes e profissionais desta área : Como eles lidam com a tensão vivida na passagem do processo criador de reportagem , para o processo criador da edição. As tensões neste caso, seriam entendidas como relação de forças , com leis e responsabilidades.
No trabalho jornalístico vários subsídios contribuem pára o surgimento desta tensão , desde as questões ideológicas até assuntos em torno do conteúdo e forma do editorial.
Para melhor se compreender este processo jornalístico , se busca identificar antes de mais nada quais cédulas podem ser reconhecidos como fornecedores indiciais deste procedimento.
O Fazer jornalístico , pode ser visto como um processo coletivo, tornando-o mais complexo. Este caráter coletivo implica em analisar que alguns documentos são comuns ou similares para quase todos profissionais participantes deste processo.Como é o caso de uma pauta, que pode passar de mão em mão.
Mas existem também o caráter individualista , como por exemplo ao relatórios internos feitos por jornalistas.
Mas ainda existe certo receio por parte de jornalistas em construir e veicular uma noticia sozinho :
” Gosto das coberturas ao vivo , mas particularmente é a minha maior dificuldade . Minha personalidade tímida , e um complicador . Tenho uma certa vergonha de usar palavras inadequadas durante a narração . Ao vivo ,nem sempre , você dispõe de tempo para refletir , apurar , selecionar , hierarquizar a informação” , depoimento do jornalista Caco Barcelos (1994:21)
Este depoimento expressa a de certo modo a preocupação com o fazer jornalístico , com o resultado deste fazer e com a responsabilidade de autoria.
O jornalismo é resultado de um conjunto de linguagens (orais, escritas, visuais, gestuais), resultando na busca por vários suportes. Podemos então encontrar documentos de processos comuns ao jornalismo impresso, televisivo, radiofônico e digital , e documentos específicos de cada suporte. Portanto a natureza desses suportes contemplam a denominação do verdadeiro papel destes documentos no processo de criação ou seja o de armazenar e experimentar.
Outros elementos também contribuem para a criação deste fazer jornalístico.São eles : o acaso, o tempo e a forma.
O acaso se faz presente no jornalismo, a partir do momento que se leva em conta a complexidade do trabalho coletivo, sendo então produto de elementos e eventos que podem fugir do controle.
É preciso também destacar a importância do fator tempo, para o processo do fazer jornalístico, principalmente para a televisão e o rádio, onde tempo também é suporte e matéria. Tempo que pressiona, tempo presente na produção de noticia, na duração do fato, na veiculação da notícia, e que de algum modo também irrompe como elemento controlador do processo criador.Mas isso não quer dizer que seja negativo, mas sim algo desafiador, para a criatividade e surgimento do novo, “ é preciso aprender a lutar contra a pressão , contra o tempo, contra o relógio , e a favor da qualidade”, sentencia o jornalista Boris Casoy (1991:74)
Outro fator importante é a descoberta de uma forma. Como bem lembra Fayga(1976:79):” a forma é o modo porque se relacionam os fenômenos , é o modo como se configuram certas relações dentro de um contexto.
O Jornalismo é uma atividade profissional que consiste em lidar com notícias, dados fatos e divulgação de informações. O jornalismo também é definido como pratica de coletar, redigir, editar e publicar informações.
O trabalho jornalístico consiste em captação e tratamento escrito,oral visual ou gráfico da informação em qualquer uma das formas e variedades. Para abordar melhor o assunto em discurssão segue abaixo a entrevista feita com Luis Seabra, editor chefe do Telejornal da Rede minas.
Você acha que os jornalistas ainda buscam a noticia como antigamente?
LS_ Não tem como buscar como antigamente. Com o oráculo e o google na sua frente, destorcendo as coisas e até ajudando em muitas outras, tudo é muito mais excipiente que antigamente, é tudo mais prático. Até os carros andam mais rápidos, cada tempo no seu tempo. Não adianta eu ficar com saudosismo, antes os jornalista davam sangue por uma emissora de rádio, você era valorizado como repórter de radio. Vai trabalhar em rádio hoje, rádio não dá lucro, é moeda política, é evangélica ou é “caixa dois”.
Existe uma radio aqui em Belo Horizonte a rádio Itatiaia , que faz o jornalismo mais factual, um jornalista que passa emoção para as pessoas. Muito futebol ,tem seu lado policial, e não podemos esquecer também a CBN e a Band News , que tem janelas locais. Eu fiz um trabalho de curso sobre radio jornalismo da Rádio Alvorada. Depois fui lá entrevistei as pessoas, eu fiquei horrorizado, cópia sobre cópia. Você escuta algo que já escutou em outra radio semanas atrás. Não existia isso. Agora, novos tempos, quantos jornalistas estão brigando pelo mesmo espaço? O país cresceu? Cresceu. Mas os veículos de comunicação são os mesmos , eles não cresceram, continuam nas mãos de poucos.
O que é ser jornalista para você?
LS_ É ser antes de tudo, um ser intelectual. E para ser um intelectual, se você não tiver a curiosidade, vice jamais vai ser. Ele tem que ser um ser que busque que goste da palavra, que goste da notícia. Mas que não goste da fofoca. Porque não se ganha nada com isso. E que ele aprenda muito bem com o passar dos anos, o passar dos anos , o quão importante é uma agenda , quanto é importante ter os contatos certos .Tudo isso é importante para o jornalista. E ele poder sair e fazer uma matéria fora ou entrevistar mesmo dentro do estúdio e ter base para isso. Porque se não tiver base ele será engolido. Quantas e quantas vezes você vê numa entrevista o entrevistado só responder o que quer. Leonel Brizola era mestre nisto-so respondia aquilo que estava na sua cabeça. Perguntaram uma coisa e ele respondia outra completamente diferente. Ele só respondia o queria. Existem outros talentos do lado de lá do jornalismo que respondem e vão te induzindo a fazer perguntas somente sobre aquele viés que esta disposto a responder. Tem que ter muito cuidado com isso. Se você não souber mostrar o outro lado, você é engolido, porque tem muito advogado, economista, médicos competentes, e se você não sabe nada, como é que você faz? Como você rebate?Não tem jeito.
Qual seu conselho para quem está iniciando o curso agora? E quer fazer um bom jornalismo?
LS- Dou o conselho de sempre , leiam, leiam, leiam, escrevam, escrevam, escrevam. Exercitem a profissão . Porque só assim vocês conseguirão alguma coisa. Vocês podem chegar ali, acolá com um jeitinho que um amigo deu, te arrumou. O deputado que é amigo te coloca como assessor aqui e ali. Mas eu quero saber se você vai ser um Carlos Nascimento , um correspondente internacional , se você vai mais longe na profissão que você escolheu. A não ser que vocês tenham papai dono de jornal radio ou televisão.
Referências: BRACELOS, Caco. In:Kaplan, Sheila (org) Jornalismo Eletrônico ao vivo. Ed Vozes ,Rio de Janeiro ,1994.
CASOY, Boris .In: Viera, Geraldinho.Complexo de Clark Kent. Summus, São PAULO, 1991.
Nenhum comentário:
Postar um comentário