sábado, 30 de outubro de 2010

O FAZER JORNALISTICO

 O termo fazer jornalístico, já nos leva a certa suposição de processos  que  surgem desde a   criação  até a produção. Estes processos podem ser entendidos como fatos em plena construção jornalística, onde o jornalista  é  o principal  acionista deste artifício.
O Fazer jornalístico vai além de  domínios de exclusividade literária , sendo assim  transposto para outros caminhos  , onde  temos o fazer e  a criatividade  humana, desafiando cada vez mais o jornalista , mas trazendo consigo diversas alternativas.
Este processo do qual estamos falando, esta em pleno desenvolvimento e  em constante ato comunicativo. Ao contrario de hipóteses que  já se prontificam com suas conclusões finais , o que é relevante neste processo , é a trajetória  de erros  e acertos , tentativas, de testarem , de aprendizados até chegar no resultado final deste objeto de estudo.
Pode-se tirar exemplo das redações  de jornais e televisões e nas faculdades , onde é visto claramente  um problema enfrentado pelos estudantes e profissionais desta área  : Como eles lidam  com a tensão vivida  na passagem do processo criador de reportagem , para o processo criador da edição. As tensões neste caso, seriam entendidas como relação de forças , com leis e responsabilidades.
   No trabalho jornalístico  vários subsídios contribuem pára o surgimento desta tensão , desde as questões ideológicas  até assuntos em torno do conteúdo e forma  do editorial.
  Para melhor se compreender este processo jornalístico , se busca  identificar antes de mais nada  quais cédulas  podem ser reconhecidos como fornecedores  indiciais deste procedimento.
O Fazer jornalístico ,  pode ser visto como  um processo coletivo,  tornando-o mais complexo. Este caráter coletivo implica em  analisar que  alguns documentos são comuns  ou similares para quase todos  profissionais participantes deste processo.Como é o caso de uma pauta, que  pode passar de mão em mão.
  Mas existem também o caráter individualista , como por exemplo  ao relatórios  internos feitos por jornalistas.
   Mas ainda existe certo receio por parte de jornalistas em  construir e veicular uma noticia sozinho :

” Gosto das coberturas ao vivo , mas particularmente  é a minha maior dificuldade . Minha personalidade tímida , e um complicador . Tenho uma certa vergonha  de  usar palavras inadequadas  durante a  narração . Ao vivo ,nem sempre , você dispõe  de tempo para refletir , apurar , selecionar , hierarquizar a informação” , depoimento do jornalista Caco Barcelos (1994:21)

Este depoimento expressa  a de certo modo a preocupação  com o fazer jornalístico , com o resultado deste fazer e  com a responsabilidade de autoria.
O jornalismo é resultado de um conjunto de linguagens (orais, escritas, visuais, gestuais), resultando na busca por vários suportes. Podemos então encontrar documentos de processos comuns ao jornalismo impresso, televisivo, radiofônico e  digital , e documentos específicos de cada suporte. Portanto a natureza desses suportes contemplam a denominação do verdadeiro papel destes documentos  no processo de criação ou seja o de armazenar e  experimentar.
Outros elementos também contribuem para a  criação deste fazer jornalístico.São eles : o acaso, o tempo e a forma.
  O acaso se faz presente no jornalismo, a partir do momento que se leva em conta a complexidade do trabalho coletivo, sendo então produto de elementos e eventos que podem fugir do controle.
 É preciso também destacar a importância do fator tempo, para o processo do fazer jornalístico,  principalmente para a televisão e o rádio, onde tempo também é suporte e matéria. Tempo que pressiona, tempo presente na produção de noticia, na duração do fato, na veiculação da notícia, e que de algum modo também irrompe  como elemento controlador do processo criador.Mas isso não quer dizer que seja negativo, mas sim algo desafiador, para a criatividade e surgimento do novo, “ é preciso  aprender a lutar  contra a pressão , contra o tempo, contra o relógio , e a favor da qualidade”, sentencia o jornalista Boris Casoy (1991:74)
 Outro fator importante é a descoberta de uma  forma. Como bem lembra Fayga(1976:79):” a forma  é o modo porque se relacionam  os fenômenos , é o modo como se configuram  certas relações dentro de um contexto.
 
O Jornalismo é uma atividade profissional que consiste em lidar com notícias, dados fatos e divulgação de informações. O jornalismo também é definido como pratica de coletar, redigir, editar e publicar informações.
O trabalho jornalístico consiste em captação e tratamento escrito,oral visual ou gráfico da informação em qualquer uma das formas e variedades. Para abordar melhor  o assunto em discurssão segue abaixo a entrevista feita com Luis Seabra, editor chefe do Telejornal da Rede minas.


Você acha que os jornalistas ainda buscam a noticia como antigamente?
LS_ Não tem como buscar como antigamente. Com o oráculo e o google na sua frente, destorcendo as coisas e até ajudando em muitas outras, tudo é muito mais excipiente que antigamente, é tudo mais prático. Até os carros andam mais rápidos, cada tempo no seu tempo. Não adianta eu ficar com saudosismo,  antes os jornalista davam sangue por uma emissora de rádio, você era  valorizado como repórter  de radio. Vai trabalhar em rádio hoje, rádio não dá lucro, é moeda política, é evangélica ou é “caixa dois”.
Existe uma radio aqui em Belo Horizonte a rádio Itatiaia , que faz o jornalismo mais factual, um jornalista  que passa emoção para  as pessoas. Muito futebol ,tem seu lado policial, e não podemos esquecer também a CBN e a Band News , que tem janelas locais. Eu fiz um trabalho de curso  sobre radio jornalismo da Rádio Alvorada. Depois fui lá entrevistei as pessoas, eu fiquei horrorizado, cópia sobre cópia. Você  escuta algo que já escutou em outra radio semanas atrás. Não  existia isso. Agora, novos tempos, quantos jornalistas estão brigando pelo mesmo espaço? O país cresceu? Cresceu. Mas os veículos de comunicação são os mesmos , eles não cresceram, continuam nas mãos de poucos.

O que é ser jornalista para você?
LS_ É ser antes de tudo, um ser intelectual. E para ser um intelectual, se você não tiver a curiosidade, vice jamais vai ser. Ele tem que ser um ser que busque que goste da palavra, que goste da notícia. Mas que não goste da fofoca. Porque não se ganha nada com isso. E que ele aprenda muito bem com o passar dos anos, o  passar dos anos , o quão  importante é uma agenda , quanto  é importante ter os contatos certos .Tudo isso é importante para o jornalista. E ele poder sair e fazer uma matéria fora ou entrevistar mesmo dentro do estúdio e ter base para isso. Porque se não tiver base ele será engolido. Quantas e quantas vezes você vê  numa entrevista o entrevistado só  responder o que quer. Leonel Brizola era mestre nisto-so respondia aquilo que estava na sua cabeça. Perguntaram uma coisa e ele respondia outra completamente diferente. Ele só respondia o queria. Existem outros talentos do lado de lá do jornalismo que  respondem e vão te induzindo a fazer perguntas somente sobre aquele viés que esta disposto a responder. Tem que ter muito cuidado com isso. Se você não souber mostrar o outro lado, você é engolido, porque tem muito advogado, economista, médicos competentes, e se você não sabe nada, como é que você faz? Como você rebate?Não tem jeito.

Qual seu conselho para quem está iniciando o curso agora? E quer fazer um bom jornalismo?

LS- Dou o conselho de  sempre , leiam, leiam, leiam, escrevam, escrevam, escrevam. Exercitem a profissão . Porque só assim vocês conseguirão alguma coisa. Vocês podem chegar  ali, acolá  com  um jeitinho que  um amigo deu, te arrumou. O deputado que é amigo te coloca como assessor aqui e ali. Mas eu quero saber se você vai ser um Carlos Nascimento , um correspondente   internacional , se você  vai mais longe na profissão que você escolheu. A não ser que vocês tenham papai dono de jornal radio ou televisão.



Referências:  BRACELOS, Caco. In:Kaplan, Sheila (org) Jornalismo Eletrônico  ao vivo. Ed Vozes ,Rio de Janeiro ,1994.
                       CASOY, Boris .In: Viera, Geraldinho.Complexo de Clark Kent. Summus, São PAULO, 1991.

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