sábado, 30 de outubro de 2010

O fazer jornalismo

JORNALISMO X DESAFIOS

O fazer jornalístico possui diferentes modos e vem se transformando para se adaptar à atual realidade. A profissão exige do jornalista um perfil dinâmico: vocação, determinação, criatividade, habilidade na escrita e versatilidade para atuar no mercado. Na década de 80, transmissões ao vivo custavam muito caro e eram inviáveis. Na década de 90, a popularização da internet colocou em xeque a posição do jornalista, exigindo maior agilidade e bons conteúdos. Esta nova modalidade do jornalismo facilitou o acesso às informações, o contato com fontes e a pesquisa ao lado da apuração. Ao mesmo tempo, ampliou o alcance e a possibilidade de distribuição da informação jornalística.
Além disso, a profissão é questionada desde os tempos em que se discutia a necessidade de fundar as academias para a formação de jornalistas, no final do século XIX. As Universidades foram construídas e os cursos de graduação, mestrados e doutorados em jornalismo são uma realidade. Mais de um século já se passou e decisões importantes ainda estão sendo tomadas para a profissão de jornalismo, recentemente, o STF – Supremo Tribunal Federal julgou a obrigatoriedade do diploma para exercer a profissão. A decisão da justiça desta vez foi a favor da não exigência do diploma para exercer a profissão. Essa polêmica se arrasta desde 1969, quando o regime militar ditatorial decretou a lei 972, exigindo a obrigatoriedade do diploma de nível superior para o exercício do jornalismo. Na época, uma estratégia dos militares como forma de restringir o direito à crítica.

Nelson Traquina em seu livro “Teorias do Jornalismo” contribui com a discussão sobre o ensino universitário para jornalistas e cita os Estados Unidos e a França como os primeiros países a desenvolver o processo de formação para jornalistas nos anos 60 do século XIX. O jornalista francês Leon Daudet é citado por Traquina porque era contrário a fundação das escolas e defendia que “o jornalismo dependia de um dom desenvolvido pela assiduidade”, muitos dos programas de ensino se davam pela ênfase ao treino prático da escrita e da edição.
A maioria dos jornalistas afirma que para exercer a profissão a obrigatoriedade do diploma é irrelevante porque o diferencial do profissional está em sua qualificação.
O escritor Gabriel Garcia Márquez em seu texto “A melhor profissão do mundo” afirma que “a formação deve se sustentar em três vigas mestras: a prioridade das aptidões e das vocações, a certeza de que a investigação não é uma especialidade dentro da profissão, mas que todo jornalismo deve ser investigativo por definição, e a consciência de que a ética não é uma condição ocasional, e sim que deve acompanhar sempre o jornalismo, como o zumbido acompanha o besouro”.
Com as novas tecnologias, podemos identificar que, o fazer jornalístico mudou. Na década de 1980, as redações de jornais impressos ou audiovisuais, ainda estavam repletas de máquinas de escrever. Os meios jornalísticos impressos, radiofônicos e televisivos começaram a criar versões on-line a partir do final da década de oitenta, nos Estados Unidos, mas o grande impulso ocorreu já nos anos noventa. Os jornais foram os primeiros a migrar para o novo meio, talvez porque consideraram a Internet como mais uma ameaça à sua sobrevivência. Até os mais antigos e experientes jornalistas se renderam às novas tecnologias. Junto com o computador vieram os programas de edição de texto com interface gráfica, programas de editoração eletrônica, além de melhoria nas telecomunicações. Tudo isso facilitou o trabalho jornalístico. A velocidade com que a Internet se comunica é quase proporcional a sua velocidade de se propagar como mídia pelo mundo afora. Esse meio eletrônico abre novas portas ao jornalismo, além do rádio, TV, cinema e do jornalismo impresso por jornais e revistas. A Internet vem aliada a uma série de aspectos que a diferenciam sensivelmente em relação a essas outras mídias.
Na web, o trabalho jornalístico apresenta certas particularidades, já que é muito mais difícil disputar a atenção do espectador do que a do leitor de um jornal. Isso porque ele tem à disposição de um clique a possibilidade de escapar para outro contexto, o que possibilita ao leitor criar seu próprio caminho. Ao mesmo tempo, facilita a dispersão e um acompanhamento mais superficial dos acontecimentos. Desta forma, o fazer jornalístico, precisa oferecer um conteúdo mais atrativo, onde o texto deve ser curto, direto e com fornecimento de imagens. Na medida em que a internet “não fecha”, o deadline (prazo final) é menor que em outras mídias. Divide-se então, um stress do deadline, ao longo do dia, já que as noticias devem ser atualizadas a toda hora. Outra particularidade dessa mídia é que com ferramentas de pesquisa, como o Google Analytics, por exemplo, é muito mais fácil para o jornalista saber o que o internauta procura no site, quais seus interesses, seu horário de acesso, o que agrada ou não. Assim, é possível oferecer um conteúdo ainda mais atrativo e conquistar mais acesso.
De fato, ao se fazer uma análise sobre as transformações provocadas pela internet torna-se perceptível que, de certa forma, ela ajudou muito o exercício jornalístico. Facilitou o acesso às informações, o contato com fontes e a pesquisa no lado da apuração; ao mesmo tempo também ampliou o alcance e a possibilidade de distribuição da informação jornalística. O fazer jornalístico apresenta suas particularidades em todas as mídias. O jornalismo impresso tem como característica mais marcante a análise, o aprofundamento. Normalmente, o leitor que acompanha esse tipo de jornalismo busca matérias mais contextualizadas, com um enfoque determinado pela linha editorial do jornal, primando por esses fatores e relevando o fato de esse veículo não poder concorrer com a internet no que se refere à divulgação instantânea da notícia, e também pelas restrições de espaço e recursos multimídia. No impresso, é imprescindível que o profissional designado tenha uma determinada pauta, e consiga se cercar do maior número possível de informações sobre o tema a ser abordado. Uma das características fundamentais do profissional é o de saber ouvir. Somente assim, o jornalista conseguirá perceber o que é realmente importante na apuração e abordagem da noticia.
Contudo, essa obrigação não se restringe ao jornalismo impresso e deve nortear todo e qualquer trabalho jornalístico. O jornalista deve ter a capacidade para transpor para o papel, tudo aquilo que foi apurado. O que destaca a relevância do saber escrever. As notícias não devem trazer unicamente o que é importante, tem de trazer o que é interessante ou o que possa ser contado de uma maneira interessante.
Como em toda mídia, o fator tempo é determinante. A produção de uma reportagem não depende apenas de quem a executa. O jornalista está intrinsecamente vinculado as suas fontes. O que pode dificultar o fazer jornalístico, caso haja contratempos, na apuração dos fatos.
Conceitualmente, jornalismo é lidar com notícias e divulgar informações. Portanto, o cidadão leigo pode produzir e divulgar informações cotidianamente. Mas, numa situação em que é exigido reportar algo ou algum evento, cada cidadão fará seu relato de acordo com sua cultura.
O jornalista tem que ter uma visão ampla da informação, procurando retratar, dentro das possibilidades, todos os lados de um mesmo assunto, ou seja, um especialista em generalidades. O que faz a diferença entre um cidadão comum e um jornalista, no fazer jornalístico, é a qualidade e a credibilidade do profissional. Portanto, o modo de fazer uma matéria jornalística interfere na percepção de realidade que o público faz o que demonstra que o jornalista deve também ter técnica. A sociedade vê nos meios de comunicação à possibilidade de multiplicar e difundir suas idéias, anseios e necessidades. Sendo assim, ela deve exigir uma maior qualificação dos profissionais, e transformar as mídias, em um espaço democrático e acessível.

Belchior Quintino da Rocha
Daniele Cristina de Aguiar
Graziele Natália de Oliveira

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