quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Música entra no ritmo da sustentabilidade

Festival de música no interior do São Paulo, que reunirá mais de 70 atrações musicais, tem como objetivo a conscientização sobre a preservação ambiental

Sustentabilidade em forma de arte. É com este objetivo que acontecerá, nos dias 9,10 e 11 de outubro de 2010, na cidade de Itu (SP), a primeira edição do festival de música e arte intitulado “Starts With You” (SWU). O evento contará com a participação de mais de 70 atrações, entre artistas nacionais e internacionais, os quais concordaram em colocar o próprio trabalho a serviço da preservação ambiental no planeta. Além dos shows, haverá palestras e seminários discutindo o tema para um público total estimado em 180 mil pessoas.

Com a slogan “Pequenas atitudes podem gerar grandes mudanças”, o evento levanta dúvidas quanto ao comprometimento da organização em torno da questão ambiental. O festival é um evento que, de fato, busca  a conscientização para importantes questões ambientais no Século XXI  em forma de arte? Ou seria apenas mera estratégia de marketing para convencer a sociedade de que este evento se diferencia dos demais do gênero por tem como base a questão da sustentabilidade?

O grande desafio da organização do evento liderada por Eduardo Fischer é fazer com que o festival não tenha um discurso vago, cujas teorias não se aplicam à prática. Para garantir a responsabilidade pela sustentabilidade do meio ambiente, o site oficial do evento (http://www.swu.com.br/pt/) publicou um documento em forma de compromisso público (http://www.swu.com.br/pt/movimento-swu/swu-compromisso-publico-de-sustentabilidade/) explicitando os princípios, diretrizes e ações em prol do meio ambiente que compõem a programação do evento.

 Durante os três dias de festival, a organização pretende endossar a proposta sustentável nas áreas dos shows com comunicação visual: mensagens e dicas relacionadas ao tema e apresentação de diversas práticas sustentáveis para educação e conscientização ambiental. E, se as pretensões dos organizadores estiver correta, o trabalho de conscientização ambiental não chegará ao fim depois de três dias.

O SWU conta como trunfo o Fórum Global de Sustentabilidade, a ser realizado no evento, que trará especialistas, pensadores, empresários, representantes de entidades não-governamentais para discutir com o público alguns dos principais temas da sustentabilidade. Serão abordadas questões como “Negócios Sustentáveis”, “Inclusão e Minorias” (o papel das mulheres, dos grupos regionais, outras minorias e avaliar o trabalho social em comunidades), “Jovens e Meio Ambiente” (como a geração do futuro pode contribuir para a construção de um mundo sustentável), entre outros.

COM A PALAVRA, O PÚBLICO
Diego Jacques e Vinícius Eduardo, estudantes de uma instituição de ensino superior de Belo Horizonte, concordam que devido ao teor publicitário o festival teria o poder de persuasão para conscientizar o público-alvo em relação à necessidade de preservar o meio ambiente. Porém, o mesmo ponto de vista entre os amigos para por aí.

Jacques aponta que as a propostas apresentas pelos organizadores do SWU são vagas. Na opinião do estudante faltam idéias concretas. Já Eduardo acredita na mobilização real do evento, porém confessa que o público irá para ver os shows de bandas de renome como os estadunidenses do “Pixies” e a volta do grupo brasileiro “Los Hermanos”. “O público não vai para se conscientizar a partir de palestras ambientais”, prevê.

 Para Leonardo Bertazzo, também estudante de ensino superior, basta idéias criativas para o festival ter a sua sustentabilidade colocada em prática. Um exemplo de conscientização são as novidades em casas noturnas européias, onde as vibrações causadas pelo ritmo corporal das pessoas na pista de dança se transforma em eletricidade que é responsável por iluminar o próprio clube. A atitude é denominada produção sustentável de eletricidade.

Bertazzo, que tem o apoio moral da colega Gabriela Loyola, tem certeza de que o festival pode abranger de forma sincera a causa ambiental e, paralelamente, continuar ganhando publicidade gratuita nas mídias. “Não é nenhum crime você ter marketing em sua proposta”, diz, com veemência, a estudante Loyola.

Já Nathália Campos acredita que o grande desafio da organização do SWU será colocar em prática todas as idéias que estão atualmente apenas no papel em prática nos três dias de festival. Ainda mais diante de números tão expressivos, pois são esperadas 60 mil pessoas por dia no evento. “É um desafio convencer as pessoas a levar esta conscientização ambiental proposta pelo evento o cotidiano de maneira positiva. Só assim o festival terá sua missão cumprida”, opinou.


JUVENTUDE CONSCIENTE
O termo “sustentabilidade” já não soa tão estranho como no século XX. Na primeira década deste século, em parte do mundo cresce o apelo pela causa ambiental. Especialmente a partir das novas tecnologias que globalizaram culturas e pensamentos, torna-se cada vez mais comum a união de pessoas de diferentes nacionalidades em torno de um bem comum a todos: a preservação do planeta.

Contudo, mesmo a geração pré-internet já demonstrou estar engajada em movimentos sociais. Desde a década de 1950, com o fim da segunda guerra mundial, é possível dizer que a juventude contestadora ampliou seu espaço dentro da sociedade. A juventude, em momentos marcantes, se rebelou contra a cultura e buscou novos caminhos.

Há 30 anos a juventude da América Latina lutava contra a ditadura. Ao mesmo tempo, nos Estados Unidos, jovens se opuseram às invasões no Vietnã até a guerra chegar ao fim. Em terras norte-americanas, inclusive, aconteceu o Woodstock, festival histórico que lutava pela paz e pelo amor. Na Europa, a mobilização juvenil “invadiu” as ruas para exigir um governo mais humano. Destes movimentos surgiram marcos históricos como o Maio de 1968, na França.

Na reta final do século XX outros marcos: a queda do Muro de Berlim, em 1989, que dividia a Alemanha em duas partes: ocidental e oriental. E, em seguida (1991), ruiu a União Soviética e com ela os ideais comunistas que até então se opunham à hegemonia do capitalismo. Se por um lado a polarização ideológica entre ocidente e oriente chegou ao fim, por outro ajudou o mundo a lutar junto por uma nova causa: a sustentabilidade do meio ambiente. Prova disso é que, em 1992, o Brasil foi palco do primeiro debate mundial envolvendo este tema: a ECO 92, primeiro evento a ser transmitido pela Internet para todo o mundo.

As medidas em torno da “política verde” continuam. Idéias como Protocolo de Kyoto (http://pt.wikipedia.org/wiki/Protocolo_de_Quioto) e o Relatório Brundtland (http://pt.wikipedia.org/wiki/Relat%C3%B3rio_Brundtland) são prova de que é possível evoluir sem destruir o planeta. Agora é a vez do SWU abraçar esta causa. Além dos shows, a expectativa gira em torno das discussões ambientais que contarão com a presença de pessoas que já batalham pela causa, como a indiana Ruma Bose, a brasileir Alessandra França (presidente do Banco Pérola) e o brasileiro Ladislau Dowbor, os norte-americanos Leonard Schelesinger (presidente da Babson e consultor da Casa Branca para empreendedorismo) e Stephen D’Esposito (da Resolve), entre outros. A expectativa é que durante os fóruns sejam apresentados projetos inéditos para a sustentabilidade.

ESTRUTURA E SERVIÇO
A arena montada para realização do SWU está localizada em Itu (SP), a 17 quilômetros do centro da cidade. De acordo com o grupo No Limits, responsável pela infraestrutura do evento, a arena fica em uma área de 400 mil metros quadrados, dispõe de estacionamento para 10 mil carros e serviços de hospedagem com 82 chalés. Nos dias do evento também haverá uma área, cobrada a parte, para o camping.

Para aproveitar o engajamento ambiental do evento, os artistas se dividirão em quatro palcos com temáticas diferentes, O palco “Ar” e palco “Água”, onde tocam as principais atrações e os palcos “Heineken Greenpeace” e ‘’Palco Oi Novo som’’, este destinado ao patrocinadores. Em destaque, algumas bandas que tocarão pela primeira vez no Brasil, como os hispânicos do Mars Volta e os estadunidenses do Rage against the Machine.

A programação completa e os valores dos ingressos estão divulgados no site oficial do evento: www.swu.com.br. Quem já decidiu ir ao evento, pode comprar o ingresso pelo site www.ingressofacil.com.br.

Danilo Viegas – estudante de Jornalismo

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