quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Betim abre as portas para arte e cultura

Primeira edição do Festival de Inverno de Cultura terá peças teatrais e apresentações musicais locais cujos ingressos terão um valor simbólico de R$ 1,99

O mês de setembro de 2010 é um marco para Betim, cidade localizada na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Trata-se da época em que será realizada a primeira edição do “Festival Inverno de Cultura” (FIC). A partir do dia primeiro do referido mês o festival reunirá, em sua grande maioria, artistas locais em apresentações que vão de peças de comédia a shows de rock pelo valor simbólico de R$ 1,99. 

O festival, organizado por Pedro Marra e com o apoio da Fundação Artístico Cultural de Betim (FUNARBE), é inédito. A cidade possui apenas dois eventos que fazem parte do calendário anual: o “Betim Rural” e a “Feira da Paz”, ambos voltados para apresentações musicais de artistas atuais do cenário nacional. Esta será a primeira vez que a cidade será palco de um festival de cunho cultural, com participações de grupos de teatro e de dança.
FALTA DE HÁBITO DO PÚBLICO
Na região metropolitana de Belo Horizonte, principalmente na capital, acontecem eventos culturais regularmente como, por exemplo o “Jazz Festival” e o “Savassi Festival”. Em Betim, por sua vez, os eventos são mais escassos. Apesar de serem realizados em locais de fácil acesso, como praças na região central, e de geralmente serem gratuitos ou a preços simbólicos, o público ainda se mostra pouco interessado.

Victor Hugo, estudante de Direito que mora em Contagem admite que não se interessa por esse tipo de evento. “Prefiro ir ao cinema ou rodeios”, diz. Apesar disso, reclama que quase não acontecem festivais culturais na cidade onde mora. José Flavio, que mora na mesma cidade, acredita que a gratuidade desses eventos é um fator negativo por aglomerar muitas pessoas. Contudo, aponta que provavelmente frequentaria os eventos culturais do gênero que acontecessem em Contagem.

Já a estudante de arquitetura Tamara Suemer, que mora em Brumadinho, acredita que festivais ajudam a difundir cultura, mas raramente os freqüenta, quase sempre por “falta de tempo”. 

FALTA DIVULGAÇÃO 
Até o dia 30 deste mês de setembro acontece o Festival Inverno de Cultura, (FIC,) em Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte. O organizador do evento, Pedro Marra, conta que a renda para a realização do festival era muito baixa e que precisou da ajuda das bandas, atores e demais artistas que participam do FIC, além de sites de relacionamento, para ajudar a promovê-lo. 

Mesmo sendo um evento inédito e inovador, parece que ele não chamou a atenção da mídia da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). As notícias e programação pareceram em apenas em alguns veículos de comunicação da própria cidade e de Belo Horizonte.

No site do Betim Shopping, colaborador do evento, foi publicado na página principal um link sobre o festival que contém apenas o endereço da sede da Cia. de Teatro de Pedro Moura, a “Tiatru Dell’Art”, e o preço das apresentações: R$ 1,99. No jornal “O Tempo” foi publicada uma nota no dia três de setembro a respeito de uma das peças a serem apresentadas durante o festival, a “Baile de Ratos”.

PÚBLICO DE BETIM
Para Dih Leeall, de acordo com texto postado em seu blog “Betim Rock: Vida de Fotógrafo”, a cidade “morre depois de agosto, quando acontece a Feira da Paz”. Para ela, nada acontece além de alguns poucos shows na casa da cultura. “Mas a postura de um jovem chamado Pedro chamou a minha atenção com a criação do FIC, que será realizado em setembro com muito teatro, música e cinema”, comemorou em seu blog.

O estudante de economia Péricles Ramos, 18 anos, mora em Betim e não sabia do festival que acontece na cidade. “Realmente eu não sabia. Fiquei sabendo agora”, confessou. Bruna Santos, 20 anos, também moradora de Betim, disse que sua freqüência nesse tipo de eventos é baixa pela falta de divulgação. Ela acredita que os eventos até possam ser interessantes, mas que “sem divulgação é difícil formar uma opinião a respeito deles”.

Já Lucas Damasceno, ficou sabendo do festival através de amigos e acha uma excelente idéia. “Além de promover os já escassos eventos em Betim ainda o fazem a preço popular”, elogiou. A estudante Bruna Santos também reclamou da fraca divulgação do evento. “Se ficasse sabendo, e fosse acessível ao meu bolso eu iria”, afirmou a estudante, que ainda não sabia do valor das apresentações.

OS ARTISTAS
Para Edwagner Manjuste, vocalista da banda “Claro Enigma”, é gratificante participar de um evento que enfatiza cultura. “Nossa cidade é muito rica de talentos de todas as áreas culturais e neste festival pudemos colocar em palco um pouco do nosso trabalho e apreciar os dos colegas”, afirma o músico.

A oportunidade de fazer um show em sua própria cidade foi apreciada por Eduardo Oliveira, integrante da banda “Didáticos”, que sempre se apresenta em Belo Horizonte. Para ele, o FIC é importante não só para os artistas, mas para a cidade como um todo. “O público terá a oportunidade de ver apresentações que, infelizmente, são raras em nossa cidade: como teatro, dança e bandas de variados estilos”, falou. Segundo ele, a banda espera que possam surgir mais iniciativas como esta na cidade para “aumentar o contato dos moradores com a cultura”. 

O festival apresentará um encontro de violeiros, sabatinas sobre políticas culturais, mostra de artes visuais, entre outros. Contará ainda com a participação de Hugo Guedes que apresenta o show “Eu, por exemplo”. Um debate aberto intitulado “Papo de Palhaço”, cujo foco é a mídia, será realizado com a presença de convidados dos jornais “O Tempo Betim”, “Aqui”, “Super Notícias”, “Em Foco” e “TV Betim”. O fechamento do evento terá a apresentação da banda “Cardiofônica” e uma confraternização com os artistas na Casa da Cultura. 

FESTIVAL DE MÚSICA
Desde o começo do ano de 2009, a cidade tem recebido peças teatrais no auditório do Serviço Social da Indústria (SESI). Já houve duas edições do “Betim Fest Music”, o qual apresenta bandas que se formaram em Betim e premia uma vencedora escolhida por voto popular. Contudo, para Marra isso não seria suficiente. “Esse evento é inteiramente artístico-cultural e esses outros não. Eles são de cultura de entretenimento”, comparou.

Segundo Marra, a idéia do festival surgiu a partir da votação do Orçamento Participativo (OP). O cidadão betinense deveria decidir entre a construção do Teatro Municipal ou de um novo Hospital Regional. Muitos artistas se uniram em prol da construção do teatro, que por uma diferença de 394 votos venceu o OP. “Os artistas foram pra rua e mandavam e-mails. Todo mundo contribuiu. Esse foi um dos fatores que fez o festival ser possível com a união de teatro, música e dança”, comenta o organizador. 

Marinha Luiza – estudante de Jornalismo



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