quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Mineiros vivem nas ruas da capital

Mesmo com uma série de programas sociais desenvolvidos a partir de ações governamentais, mais de mil pessoas perambulam pelas ruas de Belo Horizonte
José Pedro da Silva, 55 anos, ex-morador de rua é um dos casos atendidos pelo Centro de Referência da Assistência Social (CREAS). Ele é mineiro, mas foi criado na Bahia. Abandonou sua família por causa do vício de álcool. Passou dificuldade em abrigos e recebeu bolsa-moradia.

Atualmente, contudo, vive um momento diferente: tem apartamento próprio e vive a esposa, que também é ex-moradora de rua. Silva trabalha como jardineiro numa das praças do centro de Belo Horizonte. “Na rua eu não tinha muitas expectativas e sobrevivia catando papel e latinha além de pedir esmola. Agora sou feliz, sem vícios, trabalhando e procurando crescer a cada dia mais”, comparou, sem disfarçar a felicidade.

A história de Silva parece um conto de fadas, mas é realidade. O ponto negativo fica por conta do número pífio de moradores de rua que conseguiram mudar de vida e ser feliz assim como ele. Muitas famílias ainda sofrem com os parentes que preferem viver perambulando pelas ruas a procurar ou aceitar auxílio.

É o caso de M.C.S., 62 anos, que tem um filho em situação de rua.
“Ele saiu de casa depois que começou a usar crack e não quer ajuda. A gente sofre muito ao ver um filho nessa situação. Não criei meu filho para ele acabar assim”, confessou, emocionada.

A grande dificuldade encontrada pelos agentes da prefeitura é o “livre-arbítrio”.
Os profissionais contam que a maioria prefere continuar nas ruas a ir para algum albergue e passar pelas fases de reabilitação. Aqueles que manifestam o desejo de sair das ruas são encaminhados para os programas de assistência.

APOIO GOVERNAMENTAL

A Prefeitura de Belo Horizonte informa que tem uma população de rua de aproximadamente 1170 pessoas. Para atendê-la, foram desenvolvidos programas e criados albergues onde os moradores de rua dormem, recebem roupas limpas, jantar e café da manhã.

Uma das iniciativas é realizada numa parceria da Prefeitura e Governo Federal para criação do Programa Bolsa Moradia. A execução fica por conta da Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte (URBEL). Trata-se de um apoio via bolsa-aluguel por um período de seis meses ou até que aconteça a reorganização familiar. Esse serviço atende aproximadamente 297 famílias da capital mineira.

A Prefeitura de Belo Horizonte, através da Secretaria Adjunta de Assistência Social conta com uma equipe de abordagem nas ruas que atua nos três períodos, manhã, tarde e noite, num processo de conversa e conhecimento que pode durar dias, semanas e até meses a fim de convencer a população de rua à reintegração social.


Segundo a PBH, em 2009, 157 pessoas deixaram as ruas em definitivo. O serviço de abordagem acompanhou 1234 casos. Por telefone, um dos responsáveis pelo serviço de abordagem informou que o CREAS realiza reuniões para decidir novos métodos de abordagens e assistência. Porém, não existe uma data específica para que isso ocorra e nenhum detalhe foi dado até o fechamento desta matéria.

Em dezembro de 2009, o presidente Lula assinou o Decreto n° 7053, o qual institui a política nacional para população em situação de rua. O decreto prevê a reintegração social, dignidade, convívio familiar, atendimento humanizado e diversos projetos em parcerias com entidades públicas e privadas em benefício à população de rua.

SERVIÇO
Confira o endereço de albergues, repúblicas e abrigos que prestam assistência ao moradores de rua localizados em Belo Horizonte:
·         Albergue Municipal
Endereço: Rua Araribá, 285, Bairro São Cristóvão
Fone: 3421-0562 ou 3422-5136
·         República Maria Maria
Endereço: Rua Ubá, 1, Bairro Lagoinha
Fone: 3277-6099
·         Abrigo Pompéia
Endereço: Rua Coronel Otavio Diniz, 29, Bairro Pompéia
Fone: 3277-5753 ou 3277-5690
·         República Reviver
Endereço: Rua Varginha, 244, Bairro Floresta
Fone: 3277-6034
·         Abrigo São Paulo
Endereço: Rua Elétron, 100, Bairro 1° de Maio
Fone: 3433-4993 ou 3436-3167
·         Serviço de Acolhimento Institucional
Endereço: Rua Conselheiro Rocha, 351, Bairro Floresta
Fone: não foi divulgado
Outras informações sobre centros de apoio podem ser obtidas junto ao CREAS via telefone 3277-4555.

Thiago Souza – estudante de Jornalismo

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