segunda-feira, 15 de novembro de 2010

A maquiagem da sustentabilidade

Utilizar os recursos disponíveis no presente sem esgotá-los para evitar comprometer o meio ambiente das gerações futuras. Este é o conceito da sustentabilidade. Assunto que nunca foi tão falado como ultimamente. São festivais que afirmam ter a sustentabilidade como prioridade, empresas que garantem utilizar materiais recicláveis na produção do seu produto, políticos que prometem a preservação da Floresta Amazônica e consumidores que preferem acreditar em todas essas promessas ao invés de tomarem alguma atitude ou ao menos fiscalizarem se a promessa que estão comprando é de fato verdade.

Com os recursos naturais se esgotando é normal que o assunto seja alvo de preocupação geral. No entanto o que tem acontecido é uma banalização do tema que, por estar em voga, se tornou uma excelente fórmula de marketing social usada pelas corporações.

O exemplo mais recente foi o Festival SWU (Starts With You) que utilizou de um marketing pesado assegurando que o evento seria um marco na história em questão de sustentabilidade e que a música ficaria em segundo plano. Pura balela. O evento se tornou um Woodstock brasileiro sem a menor estrutura sustentável. A comida era a tradicional junk food com pizzas, salgadinhos e refrigerantes servidos em copos e pratos de plástico, além do excessivo consumo de energia gastado para a realização dos shows durante os três dias do festival.

As construtoras são as mais paradoxais. Para aumentarem a credibilidade do consumidor e conquistarem os clientes ecologicamente corretos, elas aproveitaram a onda do verde para lançarem os Green Buildings. Teoricamente, essas construções se baseiam em soluções para diminuir o impacto causado no meio ambiente e garantir melhor qualidade de vida a seus clientes por meio de reutilização de água; economia de energia; tijolo, telhado e tinta ecológica; coleta seletiva de lixo; reciclagem de óleo de cozinha; iluminação natural e reciclagem de garrafa pet no uso de tubulações e brita.

Na teoria é a casa ideal, mas na prática só uma pequena porcentagem da população pode adquirir um imóvel assim, porque tudo que é sustentável é mais caro. Se por um lado a iniciativa é consciente, por outro o desmatamento das áreas verdes para o desenfreado crescimento imobiliário é no mínimo contraditório.

Enquanto a sustentabilidade for um assunto superficial para a maioria das pessoas, as empresas continuarão a utilizar o tema como tal. Mas, a partir do momento que a população se der conta da importância de preservar o planeta e cobrarem atitudes mais conscientes das corporações, o tema deixará de ser só marketing social para ocupar o lugar prioritário dentro e fora das empresas.

Daniela Figueiredo – estudante de Jornalismo

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