segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Em quem confiar?

A garotinha de cinco anos chegou da escola diferente. Como toda criança, estava cansada, mas algo de estranho havia acontecido e,  apesar de saber falar, a sua única forma de expressar o que estava sentindo foi chorar. Sem entender o choro que fazia a garotinha perder o fôlego, sua mãe tirou-lhe a roupa para ver o que  a estava incomodando tanto. Tamanha foi a surpresa ao perceber que sua filha poderia ter sido vitima de abuso sexual.

Seja qual for o número de abusos sexuais em crianças que se vê nas estatísticas, devemos ter em mente que o número pode ser bem maior. A maioria desses casos não é reportada, tendo em vista que a criança abusada muitas vezes não sabe se expressar ou tem medo de ser repreendida por seus pais ou pelo abusador.

Mas o que fazer para proteger nossas crianças? Como saber quem é o inimigo, já que muitas vezes ele está embaixo do nosso nariz?

Acho que não há respostas para essas perguntas. Mas acredito que o mais importante é que os pais mantenham o diálogo com seus filhos. Ensinando-lhes a zelar por sua própria segurança e dando-lhes confiança para poder compartilhar esta terrível experiência. Falar o que aconteceu é uma tarefa muito difícil para a criança, afinal, ela é um ser que ainda não compreende o mundo e vive em suas fantasias infantis.

 A criança começa então a enfrentar um conflito e se sente culpada por imaginar que poderia ter evitado a agressão e, ao mesmo tempo, por possuir algum afeto pelo abusador.
Nesta sociedade em que as famílias estão se desestruturando, ter em quem confiar  pode se tornar uma tarefa árdua para as crianças. E se isto não existir, além do trauma causado pelo abuso sexual, a profunda sensação de solidão e abandono da família pode se transformar num dano emocional e psicológico devastador na vida dessas crianças.


 Graziele Oliveira – estudante de Jornalismo 

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